que montadoras de automóveis se interessam tanto em investir no Brasil? Essa questão é complicada de responder, mas alguns indicadores mostram os reais motivos por trás dessas operações em nosso país. De forma resumida, aqui é mais fácil de se obter maior lucratividade por veículo vendido.
O Brasil é um país onde existem 8 habitantes por veículo, número bem superior ao dos países desenvolvidos, onde a taxa varia entre 1,5 e 3 pessoas/veículo. Com tanta gente ainda sem acesso ao carro, existe garantia de expansão do mercado. Além disso, as filiais instaladas no Brasil e as novas montadoras que estão chegando, captam a maior parte do investimento com empréstimos a juros baixos no BNDES, evitando assim de mexer no caixa.
Esse caixa é responsável por investimentos no próprio no país, bem como remessa de lucros às matrizes e também investimentos em outras operações internacionais da montadora, tais como outras filiais da empresa na região. No entanto, a fonte disso tudo pode ser a alta lucratividade por veículo vendido, que proporciona grandes lucros para as operações no Brasil, fazendo com que as matrizes nem precisem investir por aqui, dado que as subsidiárias já possuem autonomia financeira para fazer quase qualquer coisa.
Um exemplo é a Ford. A montadora – em volume de vendas – fica abaixo da Fiat, VW e GM, mas distante de Honda, Hyundai e Toyota, por exemplo. O Brasil representa 70% das vendas da marca na América do Sul. Entre 2006 e a primeira metade de 2013, o oval azul vendeu 41 milhões de veículos no mundo, sendo 47,8% na América do Norte, 30,3% na Europa, 13,4% na Ásia e Pacífico e finalmente, 8,4% na América do Sul.
De lá para cá, a Ford lucrou US$ 14,457 bilhões. O lucro médio por carro vendido foi de quase US$ 353. Na América do Norte, a participação nos lucros foi de 61% com lucro médio de US$ 450 por carro. Na Europa, o oval azul tomou prejuízo de US$ 3,22 por carro, mas na Ásia, o resultado foi ainda pior: perda de US$ 5,00 por veículo vendido.
A América do Sul respondeu por 8,4% das vendas, mas em relação aos lucros, a Ford colheu aqui US$ 5,735 bilhões com apenas 3,445 milhões de veículos vendidos. Ou seja, a lucratividade média na região foi de quase US$ 1.665 por carro! Com isso, essa parte do mundo foi responsável por quase 40% dos lucros de empresa de Dearborn, Michigan. São 471% maior que a média da marca e 271% maior que a lucratividade na América do Norte.
Outro exemplo é a Hyundai. A operação de Piracicaba/SP exigiu US$ 600 milhões em investimentos para produzir e vender 150.000 carros por ano. Se todo o dinheiro tivesse saído dos cofres da montadora, a capacidade máxima da planta e as vendas fossem atingidas plenamente todos os anos e a lucratividade média da sul-coreana fosse o mesmo da Ford na região, o retorno do investimento ocorreria em apenas 27 meses.
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